Crônica: Ei, de amor eu não sofro mais. (Laís Happel)

Não que isso venha acontecer assim, de imediato. Mas vai acontecer. Posso sofrer com a tua ausência logo cedo pela manhã - em minha cama - ou com os sussurros ao canto de ouvido, que cessarão nas noites frias. Mas de amor, ah de amor eu não sofro mais. É que dói. 
Bater o dedinho do pé no canto dos moveis, são cocegas, comparado ao vazio encontrado no coração de quem sofre.
Engana-se pensando que esse vazio é repentino. Pois não, não é. Ele vem e fica.
Faz da noite - antes conturbada por palavras ditas ao acaso- uma mera inquilina de um silêncio profundo. 
E sabe, ela não pede permissão para alojar-se. Ela apenas entra, acomoda-se e naturalmente, sossega. Não se importa com quais sentimentos ira causar.
Porque talvez assim como quem sofre, a dor só queira ter alguém. 
e eu não sofro por amor, eu sofro por falta dele.
Sofro sozinha, fiz da quietude uma amiga, um alguém que me abraça, e assim como eu, permanece quieta num mundo alvoroçado. Sim, há dias em que não sofro por amor, que consigo aquietar as lembranças, fazendo delas meras desconhecidas, conhecidas em um passado tão recente. Mas como tudo que "vem fica", as lembranças originadas com tua presença, vieram e ficaram, fazendo-me perceber que não sofro de amores por ti. Sofro de reprises momentâneas de saudades, onde o principal e único alvo, é meu coração, que mesmo fraco e em compassos fora do ritmo, insiste em bater por alguém que, nem sequer sabe o que é sofrer. 


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