Doces amarguras de um dia ruim (Nayane Dal-Ri)

   Sinceramente, hoje vim aqui pra colocar tudo para fora, dar adeus ao rancor e tudo que me sufoca. Tudo o que minha garganta deixa engasgar. Me deitei novamente triste hoje, um dia ruim, como outros por aí, mas com um pouco mais de sentido e caos. Me lembrei que é dito, escrever acalma, rasga a alma, é quase como gritar um "Vai Safadão" bem alto. Então escrevi, estou escrevendo, escrevo, sem parar.
   Hoje me vi num dia de férias querendo voltar a rotina, esquematizando tudo, fazendo projetos, querendo agir. Percebi, como boa observadora que sou, coisas que não queria, mas que precisavam ser vistas por mim mesma para crer. Me dei conta que nem sempre o que queremos é que o destino quer e acredite, o que ele não nos dá no hoje, nos reserva ainda melhor no amanhã. Descobri que agradeço por ter sido um dia ruim, talvez depois eu ria de tudo isso e perceba o quanto fui tola. Enxerguei que sou grata pela sinceridade que posso ter comigo e com a vida, sou o que sou e o que sinto. Consigo agora entender que um sorriso é algo óbvio mas a lágrima é enigmática e com motivo e existência somente seus. Então hoje me deixe aqui, no meu canto só e breu, cantando cantos que tu não sabes, chorando por bobagens, tentando me auto- reconstruir e assistindo longa- metragens.
   Agora que estou mais calma escrevo bonito, mas amigo, te confesso aqui, se eu escrevesse nestas linhas há exatos 15 minutos atrás, só haveria as amarguras mais profundas da alma de uma louca desvairada para preencher o vazio desta folha.
   Saio desse dia grata. Aprendendo que tristeza é amiga de boas lições. Tristeza é passagem e guia para outras estradas. Tristeza também é companheira, e às vezes, precisa de um afago.