Crônica: Carta do Verdadeiro Amor da sua Vida para Você (Nadhia Dantas)



Oi amor,

Por quê você insiste em dizer que já me encontrou? Não, você não me encontrou. Você não me conhece ainda, não sabes qual forma eu tenho, qual a cor do cabelo e qual o tamanho de minhas mãos. Então por quê fica me chamando em vão? Até o momento já escreveu meu nome em cartas, mensagens e tweets umas 237 vezes (eu contei), e confesso que fico extremamente chateado. Você me compara com qualquer um, é tão ruim perder sua própria identidade. Basta alguém te pedir em namoro, ou falar que te ama, que você responde: "És o amor da minha vida". Pare de querer me encontrar na hora que você bem entender e na primeira pessoa que te promete o mundo, a probabilidade de se decepcionar é 102%. Ok, estou sendo duro demais contigo, me desculpe, e para que não se sintas triste, lhe contarei um segredo: eu estou chegando. 

Confesso que conheci pessoas nas estações de trem, praias, padarias, jantares, até noivei com uma inglesa, mas ela não tem o que você tem: esse olhar infinito. Sou vidrado no seu despertar e no beicinho que faz para o lado, quando desconfia de algo. Amo quando fica surpresa, é nessas horas que dá vontade de chegar mais rápido e te surpreender ainda mais. Gosto da sua teimosia, ela é única, não há ser humano no mundo que briga, xinga, quer bater e depois abraça como se não houvesse amanhã. Amo tuas qualidades, venero teus defeitos. Te conheço nos seus mínimos detalhes e suas intimidades, mas você ainda não me conhece. Sinto tudo isso de longe e não vejo a hora de te encontrar, só não espere que eu vá aparecer em um cavalo branco, fazendo serenatas embaixo de sua sacada. Eu chegarei de supetão, em um daqueles dias que você sairá de casa com o mínimo de maquiagem, cabelo preso e tênis de corrida. Não quero muito. Pouco me importa a vaidade. Estou aqui para te fazer se sentir amada e te fazer perceber que todos aqueles que você os definiu como amores, de fato não eram. O amor é para sempre e este é o motivo pelo qual eu estou a caminho. Relaxa que eu estou chegando. 


Te amo.

Att. 
O Verdadeiro Amor da sua Vida

Crônica: Até quando você vai chorar? (Camila Andrade)

Até quando você vai chorar por alguém que não te dá o valor que você merece? Até quando vai encher o celular dele de mensagens enquanto ele só fica em silêncio? Ele sai com os amigos e tudo que você faz é correr pro Facebook pra ficar de olho nele, e chora. Chora porque o perdeu, porque ele faz falta, mas até quando? Você tem que saber que na vida nem tudo é flores. Que pessoas vão te decepcionar, que vão ir, mas novas vão chegar. Novos amores, novas risadas, novas trilhas sonoras... Ele não é o único, e por que você achou que seria? Quando você precisava ele fugia, e sempre foi assim. Quantas vezes você correu chorando pra os braços de uma amiga sua porque ele não estava lá? Ou porque depois de uma briga ele fugiu e te deixou chorando, desolada e sozinha. Acorda. Aprende a se decepcionar e se livrar de quem só te fez chorar. Se ele não te quer mais, o problema é dele. Pra um que não quer, 3 querem. Tanta gente procurando um amor que seja recíproco e você aí, lutando por quem não te quer, e lutando sozinha, por um relacionamento que ainda só tem chance nos seus pensamentos. Sai dessa, segue em frente, vai dar valor pra você mesma e ele que chore quando ver a mulher que você se tornou.

Crônica: Eu vou amar. (Laís Happel)

Eu vou amar. Mas não te prometo que amarei hoje. Talvez amanhã, ou depois. Mas não peça amor agora. Eu nem sei com quem ele está, ou aonde se meteu. Também não estou procurando o amor. Se por acaso eu o encontrar, farei sim dele o habitante do meu coração- trancado a sete chaves.
Vou te contar um segredo de canto de ouvido, meio sussurrado, será um segredo nosso: tenho medo de amar. Medo de aventurar-me em um mundo tão conhecido e desconhecido por mim. E ele chega assim, de mansinho, e quando percebo, já tomou conta de tudo.
Medo de amar e não receber a reciprocidade em amar alguém. Que me desculpe o criador da frase, “O amor vem para os fracos”, mas ele estava enganado. O amor vem para aqueles que abrem as portas de seus corações trancafiados. Vem para aqueles que desejam criar raízes, enquanto eu quero criar asas.
É isso que quero ser do Mundo, enquanto o Mundo quer ser de alguém. Mas não culpo minha indecisão. Tenho receio de tudo que me assusta. Sonho alto. Falo baixo. Tenho uma quietude gritante, e grito sereno. Se me perguntares o que sou, não saberei o que dizer. Talvez eu seja a mensagem não lida, ou a visualizada e ignorada. O casaco esquecido no verão, ou o short no fundo do guarda roupa em dias frios. A borda da pizza, aquela que você descarta por não ser suculenta demais. O refrigerante sem gás. A bolacha murcha. A flor seca, usada como marca páginas em seus livros de colorir. Sou a chuva querendo ser sol, e o sol querendo tornar-se tempestade. Sou o desespero camuflado de quietes. Sou o amor camuflado de desapego. Mas é fantasiado mesmo. E se for pra deixar a máscara cair, que seja para trocar de fantasia. Talvez seja borboleta aprendendo a bater as asas. O cabelo liso ficando encaracolado. Sou o medo virando confiança. O abraço sendo dado com toda a ternura do mundo. O livro lido pela metade, a unha pintada de duas cores. A lente dos seus olhos míopes. O jeans desbotado da sua calça surrada. A caneta, escrevendo esse texto no guardanapo. Sou o amor ausente querendo estar presente. A saudade virando chamego. A distância sendo aconchego. Sou o medo virando coragem. A coragem abrindo as portas para o amor.

Dica de Leitura: Lugares Escuros (Gillian Flynn)

Lugares Escuros
Lugares Escuros
Autor: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca (+compre)
Páginas: 352
Ano de Lançamento: 2015
Adicione: SKOOB
 

Libby Day tinha apenas sete anos quando testemunhou o brutal assassinato da mãe e das duas irmãs na fazenda da família. O acusado do crime foi seu irmão mais velho, que acabou condenado à prisão perpétua.
Desde aquele dia, Libby passou a viver sem rumo. Uma vida paralisada no tempo, sem amigos, família ou trabalho. Mas, vinte e quatro anos depois, quando é procurada por um grupo de pessoas convencidas da inocência de seu irmão, Libby começa a se fazer as perguntas que até então nunca ousara formular. Será que a voz que ouviu naquela noite era mesmo a do irmão? Ben era considerado um desajustado na pequena cidade em que viviam, mas ele seria mesmo capaz de matar? Existiria algum segredo por trás daqueles assassinatos?
Gillian Flynn intercala a trajetória detetivesca de Libby com flashbacks dos acontecimentos do dia dos crimes com tanta habilidade que o leitor é levado a diferentes direções. Escrito com primor, Lugares escuros não só mostra como a memória é passível de falhas, mas também evidencia as mentiras que uma criança pode contar a si mesma para superar um trauma.

Antes de mais nada, você leitor, precisa saber que os livros da Gillian (pra quem ainda não leu nenhum) são livros totalmente perturbadores e que mexem com a estrutura de quem o está lendo. Então se você é uma pessoa muito sensivel, não recomendo em hipotese alguma. Ele vai destruir você MUAMUAMNUAMUAMUAMUA (brincadeirinha, só que é mais ou menos isso tá?!)
Libby é uma pobre garotinha que viu o pior do que um ser humano pode fazer: tirar a vida de outros. Isso a destruiu e ela se tornou uma pessoa rancorosa, amarga e o pior, nojenta. Sim, você sentirá nojo de Libby em diversas partes, mas não tem como odia-la, afinal, como alguém pode odiar a criança que passou por essa situação e perdeu toda sua familia? Não há como. E assim ela vive, até que o clube de pessoas estranhas que são fascinadas por assassinatos cheios de mistérios (pra mim são todos doidos) a procura oferecendo dinheiro para que dê informações privilegiadas sobre o caso. Eles não acreditam que o irmão de Libby tenha sido o assassino, e ela que está precisando muito de dinheiro, mesmo sempre acreditando que o irmão fora o assassino, se junta à eles e ai começa a bagunça....
"Posso sentir uma versão melhor de mim em algum lugar lá dentro — escondida atrás do fígado ou presa a um pedaço de baço dentro do meu corpo mirrado, infantil —, uma Libby que me diz para me levantar, fazer algo, crescer, seguir em frente. Mas a maldade normalmente vence. Meu irmão massacrou minha família quando eu tinha sete anos. Minha mãe, minhas duas irmãs, mortas: bang bang, chop chop, gasp gasp. Realmente não tinha nada que eu pudesse fazer depois daquilo, nada era esperado."

Crônica: Que suas partidas se tornem chegadas. (Raisa Krazewsky)

Cá estou eu. Novamente. Olhando por essas janelas. Sentindo um vazio no meu peito – pois meu coração está em sua mala. Novamente, eu lhe disse tchau. Novamente, você está levando consigo meus risos mais sinceros, meus beijos, meus abraços. Novamente, está escapando de minhas mãos o seu toque, o seu cheiro, os seus cabelos, o seu carinho. Novamente te deixo partir para quem sabe te ver novamente dentro de o quê? Uns quatro meses? “Alô, é o tempo? Passa rápido esses quatro meses, por favor?”.

Eu sei que quando eu olhar aquele avião, mais um monte de lágrimas vão cair. Sei que vou me virar e encontrar minha mãe para me abraçar – mas o abraço não é o seu. Sei que minhas amigas vão me abraçar também e me fazer rir. Mas lá no fundinho, falta você em tudo. Olho para os cantos e tento materializar você, mas só materializo lágrimas – muitas. Acho que cada lágrima minha tenta afastar de mim a saudade, mas vou te contar: a saudade não cabe em lágrimas. Nem em um milhão delas.

A verdade é que eu não quero que você vá embora nunca mais. Eu quero te convidar pra mais um café e que você fique o resto da vida inteirinha. Eu sou capaz de me desdobrar inteira pra te garantir conforto. Ah, quer saber? Se você não puder voltar, eu vou aí. Afinal, já confessamos, embaixo do seu edredom, que não aguentamos esses malditos quilômetros. Tudo o que eu quero é poder ser feliz sem intervalos

Eu quero poder rir contigo até entrar ar demais em nossos pulmões. Eu quero ouvir todas as suas piadas sobre mim, e quero que você me dê um tempo para entendê-las. Eu quero dividir, de perto, tudo o que acontecer comigo. Eu quero lhe dizer várias coisas. Dentre elas, eu posso lhe dizer que estou brava com você, que te amo, que hoje você tem que lavar a louça. Eu só não posso mais lhe dizer tchau.

Dentro de mim tem um furacão (é porque sou um pouco Alasca, lembra do livro que te falei?), um furacão que mistura meus sorrisos por sua causa e minhas lágrimas pela sua partida. E eu só sou capaz de torcer baixinho para que esta tempestade que acontece dentro de mim vá para o céu – para adiarem o seu voo e eu poder te ter pra mim por mais tempo.

Chega bem perto de mim. Vem cá, se eu sou um furacão, pode chegar com a tua garoa. O meu pequeno milagre é te ter na minha vida. Deixa eu decifrar o que ainda não sei sobre você e esboçar um teorema. Vamos registrar todos os dias 20 de abril em um diário. Eu te aprecio, moço. Tenho um plano: entra aqui na minha mochila e vamos para Nárnia.


Quando eu olho para a pista, vejo aquele avião taxiando. Acompanho com os olhos e te imagino lá dentro, olhando para baixo, segurando as lágrimas – assim como estou. Sussurro baixo que te amo, que já estou com saudades, não se preocupe, vamos ficar bem. Vejo o avião desaparecendo na imensidão de nuvens cinzas. Até logo. Fique bem, meu bem.

Crônica: A porta ( Laís Happel)

Estou indo em direção a porta. Se eu sair, não volto. Eduardo, é sério. Eu não volto.A porta está a centímetros de onde estou, se eu colocar o pé pra fora eu não volto. É a sua última chance.

Ok, você não vai falar nada? Não tem nada a dizer? Eu tô dizendo que não vou voltar. É como se fosse um livro, virou a página, não pode voltar. 
Eduardo, olhe pra mim. Eu odeio quando você se faz de sonso. Olha pra mim. Que saco, Eduardo. 
O que você está fazendo? Vai abrir a porta? Mesmo? Vai deixar que eu saia da sua vida assim? 

Ei, escuta. Me dê um minuto, eu te explico o que aconteceu. Fecha a porta Eduardo, faz dez graus lá fora. O vento gelado tá me matando. É pra fechar meu bem, não abrir. Ah, você não é meu bem? Tudo bem. Me dê três minutos, Eduardo. Três minutos e tudo vai ficar bem. Eu sei, era um minuto, mas você foi abrir a porta e mudei de assunto.

Eu sei, Eduardo! Não tô enrolando. Só preciso de um tempo para conversar. Fecha a porta que tá frio. Obrigada. Bem melhor. Posso sentar? Do outro lado do sofá? Ah, qual é Eduardo! Vou sentar do teu lado. Olha só, eu não queria dizer o que falei. Mesmo. Brigas acontecem, Eduardo. Mas não posso arcar com as consequências sozinha! Pare de revirar os olhos Eduardo, cê tá parecendo aquelas crianças que sabem que aprontaram e começam a fazer birras. 

Olha é por isso que estava indo embora. Não Eduardo, eu não estava indo realmente embora. Olha só Eduardo, vou colocar para tocar Fernandinha Takai, pra ver se teu coração fica mais mole.

Não Eduardo, é Takai. Pelo amor da nossa Senhora dos Casos perdidos. Eu pedi apenas um minuto, mas agora quero trinta minutos, quem sabe uma hora.

Me dá mais uma hora pra sentir o teu cheiro, ficar no teu abraço, sentar no teu colo, me perder no teu sorriso. Me dá mais duas horas, pra sentir o teu cheiro, ficar no teu abraço, sentar no teu colo, me perder no teu sorriso. Mais três horas para que eu faça isso tudo de novo. 

Olha Eduardo, estou ficando nervosa, o conto de fadas vai acabar. Eu sei que não acabou. Você é o príncipe e eu a princesa. E príncipes não deixam as princesas partirem. Pelo contrário, eles resgatam ela dos castelos. Tudo bem?

Tudo ótimo, vou sair e você vai me resgatar. Me resgata na escada do prédio, não espere para que eu chegue até o carro e dê partida. 
Me resgata, tenho tantos outros milhões de textos para escrever sobre você, Sobre nós.

Mas para isso, você vai ter que me deixar sentar do teu lado, pra que eu te convença a fechar a porta. 

Crônica: Coadjuvantes do destino (Nayane Dal-Ri)

Erro e acerto são dependentes mútuos. Agora contemple o lado omitido, e se o destino não se acerta? Injustiça (?). Quem tem atitude pra acertar sabe que muitas vezes o que é valorizado socialmente é o erro mas, numa frase disse Alex Corrêa " Nunca se submeta ao erro afim de satisfazer a ignorância do outro". Se tu fizeres algo certo podes não ser recompensado de forma absoluta pelo destino e pelas esquinas mas, terás recompensa em tua consciência. A vida é uma eterna simbiose, a gente se doa e se recebe. Acertar é sacrifício, duvida? Se você está sentado no ônibus exausto e uma senhora entra, você irá se sacrificar para dar lugar a ela pois sabe que isso é o certo, que um dia irá envelhecer, as pernas já bambas pedirão descanso e tu o terás. Somos só coadjuvantes de um destino sinuoso. Não somos só nós, não estamos tão sós. Somos apenas quem decide entre ser ou encenar. Ninguém gosta de mortes mas, o que vale um enterro sem amigos pra chorar?  
   A vida é guia. É calcador para a costureira, é régua para arquiteto, é pensamento para filósofo. A vida às vezes erra por nós mas, quando nós acertamos por ela em vez de por si próprios? Quando deixamos a sexta a noite e a vivemos  domingando pra estudar? Quando trocamos sonhar por agir? Quando abandonamos a zona de conforto para correr meia maratona atrás do que se quer e de quem se quer bem? O acerto é a morte de um erro, o nascer de um novo modo de se auto conduzir. Dois atos diametralmente opostos sempre se completam.
   A vida é ambiguidade, interprete como quiser. Se o destino não tomar rumo eu me perco com ele.

Crônica: Chega de lança-perfume. Estou querendo lançar amor. (+18) (Laís Happel)

Entre. Mas não sente. Vá direto para o nosso lugar. Venha cá, vou te ensinar um jogo novo. Vou passar por você e você vai ter que me puxar, tudo bem? 
Mas desta vez, puxe e não solte. Puxe-me e prenda-me em seus braços. Não irei me importar se quiseres grudar-me em teu peito. Tenho uma ideia melhor: me gruda na parede. Pressione teu corpo ao meu, beije-me. Deixe-me brincar com teu cabelo enquanto você brinca com meus lábios. 
Faça o que quiser, no momento em que permiti a tua entrada, fiz questão de esquecer os bons modos. 
Vou acompanhar-lhe até o sofá, com a intenção de te agarrar ali. Na sala. No chão.  Não me olhe com essa cara de censura. Hoje não. Amanhã talvez. Quiçá nem amanhã. Ah, esquece, não vamos pensar no amanhã, pensamos no agora. 
Venha. Aproxime-se, prometo que não vou morder-te - só se quiseres. Abraça-me e prenda meu corpo ao teu. Prometo contentar-me de imediato, com teu abraço. Mas já vou avisando, não contento-me com pouco. Sei que não bateu a minha porta com uma intenção remota de apenas toque. Não querendo menosprezar teus abraços, mas já mostramos que somos capazes de outras coisas. 
Não me olhe com essa cara de quem está me despedindo com os olhos. Não, não faça isso. Morder o lábio é falta de educação. Já disse, aproxime-se.
Beije-me. Toque-me do jeito que só você sabe. Faz frio lá fora, diferente das labaredas que criaremos aqui dentro. Desculpe - me se estou sendo vulgar. Mas ficaria chateado se dissesse que não sinto vergonha alguma? 
Verdade, não existe vergonha quando já somos íntimos. Apenas abraça-me, e iremos nos tornar apenas um nessa noite tão fria. Quero você na mesma intensidade que me queres. 
Venha sem medo, se vier com ele, deixe que eu tiro. Venha com amor. Venha sem pressa de ir embora. 
Me namora. Me envolva e deixe-me te envolver.
Quando tudo acabar leve-me para o quarto, vou me encaixar em você. Podemos começar novamente, só que desta vez, na cama.
Quente. É apenas isso que posso dizer. Seu hálito quente sussurrando coisas antes esquecidas. Foi uma torrente de desejos e prazer. Espero ter lhe causado a mesma sensação que me causaste. Fiquei trêmula e por instantes perdi a fala, ouvindo apenas você, sussurrando dizendo o quão me amava. Amor. Palavra tão usada e tão pouco sentida. Amor pelo sexo. Pelas carícias. Pelo toque. Pelo cheiro. Amor por aquilo que podemos fazer juntos, mesmo estando separados. 
Beije meu pescoço, deixe-me morder a sua orelha, quero dizer coisas que jurei nunca dizer. Quero sentir-me segura. Quero sentir-me toda tua.

Crônica: Chove Não Molha (Nadhia Dantas)



Chove, mas chove fino. Da janela posso ver a rua, e você chegando com uma jaqueta de couro cheia de respingos. De novo com estes respingos, que saco! Está sozinho na calçada, sorrindo em direção a mim. Te convido para entrar e você nega com a cabeça. Dançando e desviando das poças d'água, tenta me convencer de que é seguro e que irei gostar.Ah! já entendi, você gosta da garoa, eu também já gostei, hoje não mais. Você me diz que é apenas uma garoa fina, típica de São Paulo, daquelas que ficam o dia inteiro, mas que não molham. Eu sei, e é por isso que me sinto tão incomodada. Meu negócio é tempo firme. Não quero mais viver uma relação de chuviscos, ora pingam em mim, ora não. Eu gosto do sol escaldante e do temporal tomando conta do meu corpo, e eu gostaria muito que a tua chegada fosse assim, trouxesse o calor ou a sensação de alma purificada, mas você traz a garoa, que reflete a tua insegurança . É o "sim" querendo dizer "não" ou quem sabe o "talvez". Eu quero um relacionamento repleto de tempestades, sóis e certezas. Quero intensidade, independente de qual seja. Chega de chover e não molhar! E espero que a partir de hoje os chuviscos não façam mais parte da sua vida, ou terei que apostar em outras previsões do tempo.

Crônica: Esse é pra você. ( Laís Happel)


Esse texto é para você. O de ontem, anteontem, da semana passada também são- mesmo falando eu que não. Hoje, pensando sozinha em meu quarto, em um texto novo para o blog, resolvi mais uma vez, escrever sobre você.
Quando era pequena, ouvi minha mãe dizer, aos sussurros para meu pai, que ele era acima de tudo, o protetor e príncipe encantado dela, por mais que tivesse mil defeitos. E foi isso que desejei naquele instante, conhecer alguém que me protegesse e que fosse meu príncipe.

Então você chegou. De longe o sapo mais charmoso e encantador. Me envolveu de um jeito tão único que me fez querer saltitar, acompanhar teus passos de sapo.

Sapo? Você não queria um príncipe?

Quando conheci você, percebi que tudo que almejei era bobeira. Não é possível imaginar e viver certo o que foi imaginado. Você imagina ou vive e eu, escolhi viver. Com um sapo. Teus dedos grandes entrelaçavam tão bem nos meus dedos em miniatura. O toque desusado a cada exploração pelo corpo, foi descobrindo cocegas e prazeres apenas nossos. Criamos um momento onde ninguém mais entrava, um clube secreto com o cadeado da porta do teu quarto- que um dia foi meu.

Trocamos noites de baladas para termos um showzinho particular. Show meu/show teu. Cervejas e bares, deram lugares a beijos e filmes. Filmes e beijos, foram substituídos por cerveja ( caipirinha para mim) e bares. Teus abraços acalmavam a alma. Aquietavam o meu gênio forte. Davam-me estrutura e alicerce para dias corriqueiros e com níveis altos de stress. Teus beijos longos e sinceros faziam-me questionar a existências deles.

As flores que me deste deveriam ser de plástico, pois assim como meu amor que ainda existe por ti, elas não murchariam. Foi meu abrigo em noites de tristeza. Eu pedia a mão e você me dava teu corpo todo. O abraço era acompanhado de beijos e as três palavras que faziam tudo ficar bem. Eu amo você. Hoje. Amanhã. Sempre.

O para sempre foi trocado por um até logo, seguido de um podemos ser amigos, camuflado de estou namorando, tenho que parar de falar com você. Mas eu ainda sinto, sou para raios de saudades suas. Saudades que me fazem hoje escrever. Não pedindo para voltar - como fazia. Mas escrever que todo o amor que sinto é capaz de desejar que você sinta isso também, com outra pessoa. Feliz dia dos namorados, pra você.

Coisas para se fazer no dia dos namorados (sem precisar de um). (Camila Andrade)

Fala, galero! Bom, dia dos namorados tá aí, e como sabemos nem todo mundo tem um parceiro ou parceira pra passar esse dia, e eu vim aqui pra mostrar pra vocês que vocês podem muito bem passar esse dia sem precisar de um affair! (E sem se importar com a pressão da mídia insinuando que você precisa estar com alguém.) E essa lista serve pros caseiros e pros festeiros, então boraaaaaaa!!!

1. Sair com amigos.
Vamos começar com esse e vamos combinar que: qualquer role com os amigos é legal! Nem que seja ficar sentado na praça só conversando e rindo, o mínimo sempre se torna o máximo com os amigos certos!



2. Ir à restaurantes.
Se sua verba permite, que tal sair pra comer algo que nunca comeu antes? Algo que sempre quis provar mas sempre adiou ou nunca parou pra procurar, por que não?



3. Assistir filmes de comédia.
Eu sou fã dos grandes filmes de comédia, então se tem uma dica que eu posso dar é: prepara a pipoca, joga o colchão no chão, enche tudo de travesseiro, e bora rir!



4. Ir ao cinema sozinho.
Sim, isso mesmo que você leu, SO-ZI-NHO. E por que não? Aproveita sua própria companhia, compra o que você tiver vontade de comer e assiste aquele filme que você queria assistir faz tempo e seus amigos sempre furavam com você!



5. Jogar video game.
"Essa é uma via de mão dupla." Você pode chamar os amigos para competir com você, ou pode aproveitar sua companhia e passar a noite jogando sozinho, por que não? Fala sério, todo mundo adoooooora um bom jogo, sozinho ou acompanhado.



6. Maratonar séries e/ou filmes preferidos.
Sim, meus caros, outra via de mão dupla aqui! Também sou viciadíssima em séries, e se for uma das minhas preferidas assisto quantas vezes me der vontade! Então se você estiver numa vibe mais calma, passa no mercado, compra várias besteiras e vai passar a noite vendo série. Se quiser companhia, chama os migo! (E me chamem também, por favor!)



7. Assistir filmes de terror daqueles bem antigos.
Tá bom gente, talvez, só talvez eu goste muito de filmes e séries. Eu tô rindo, mas é sério. Os filmes de terror antigos são os que mais me assustam, pode ser o filme mais bobo, mas a imagem antiga, a qualidade de som antiga, as músicas antigas... Gente! Sério, procurem aí. Vou até deixar uma listinha aqui, que por acaso tem os meus preferidos: O Iluminado e Psicose
(http://top10mais.org/top-10-melhores-filmes-de-terror-de-todos-os-tempos/)



8. Ter o dia para você mesmo.
Que tal um tempo pra você? Pra fazer aquela hidratação caseira no cabelo, aquela limpeza de pele, fazer as unhas, cuidar do seu corpo. Essa vale para os homens que gostam de se cuidar também então nem vale pensar que é só meninice! 
(Sei que nem todos terão o dia livre pra fazer esse tipo de coisa, mas dá pra tirar só um tempinho, né?!)



9. Ler livros atrasados.
Que tal tirar a poeira daquele livro que você deixou guardado na prateleira por preguiça de ler? Ou aquele livro chato que você PRECISA ler pra faculdade mas ficou adiando! Ler é legal, conhecimento nunca é demais, então aqui fica minha dica culta porque a Camila aqui também é cultura!



Então é isso pessoal, espero que tenham gostado da lista e que tenham aproveitado assim como vão aproveitar o dia de vocês! Beijos!

De Flor (Raisa Krazewsky)


Sou flor. Sou flor feita de flor. Sou flor que vive do teu amor. Há dias que sou um girassol, que ao invés do sol, segue teu sorriso. Seu sorriso, para mim, é a primavera inteira. Há dias que sou rosa, dias que sou amor-perfeito. E há dias que sou flor que cresce no meio do mato. Sou flor de bem me quer (e bem me queira). 
Sou flor que procura te encantar com meu cheiro. Sou flor, delicada. Mas sou flor que deseja ser árvore, para ser forte. Sou flor que precisa de abrigo no inverno, sou flor que quer ser colhida, e que você colha com carinho. Sou flor que se dobra ao vento, que resiste. Sou flor branca, mas que quer ser da cor dos seus olhos. Sou flor que fica no canto do jardim, mas que quer estar no centro do seu coração. 
Sou flor que morre devagar sem seu cuidado. Mas sou flor que ficaria extremamente contente em murchar em um vaso na sua cozinha. 
Sou tão flor, que acho que é por isso que vivo com borboletas no estômago.

Crônica: Namora Comigo? (Laís Happel)

Namora comigo? Serei a mulher que vai assistir os jogos de futebol contigo, mesmo querendo assistir um filme – a dois. Namora comigo? Mas namora de verdade, com cartas, flores e mãos dadas – pela cidade toda. Namora comigo, vai valer a pena. 

Estarei aqui ao lado quando tudo parecer cair. E se cair, eu ajunto. Pego-te do chão e coloco no colo. Namora comigo e serei mais do que a conselheira amorosa. Serei a amiga, namorada e aquela que suporta seus gases à noite, quando minhas pernas encaixam na tua. Namora comigo e deixe-me encaixar em você. Sabe cansei de ser Lena Dunham e ter vários caras para dormir de conchinha, e sim, eu sei que é bom. Mas quero você, para dormir de conchinha comigo. Não para sempre. Mas por um bom tempo. 

Namora comigo no portão de casa, antes do pôr-do-sol, para que os vizinhos tenham uma nova fofoca na manhã seguinte. Namora comigo sem medo de amar, sem medo de perder. Acredite, você só tem a ganhar. 

Namora comigo para que possa me perder em teus braços, depois de um abraço apertado. Abraço que só você demonstra. Abraço que acalma, que alimenta a alma. Abraço que traduz a falta que sinto, antes mesmo de você partir. Namora comigo em fotos, munidos em um amor tão clichê, tão cheios de mimos. Tão amor de livros. Mas sem final triste.

Namora comigo para podermos ter uma playlist sensacional de músicas para embalar nosso ninho de amor. Namora comigo, prometo deixar você ganhar no vídeo game, e juro, te farei gostar de Woody Allen. 

Namora comigo, para que em dias chuvosos você passe a tarde comigo, assistindo Faustão ao invés de passar sozinho. Podemos não fazer nada, mas dividiremos a solidão.

Namora comigo e eu divido contigo a Nutella e o brigadeiro, e você, divide comigo a pizza e os nachos. Namora comigo e divide comigo a cama, o cobertor e o travesseiro. Namora comigo?

Crônica: O que é belo para você? (Nadhia Dantas)




Ela é tão linda que até a Gisele Bundchen ficaria em dúvida sobre a sua própria beleza. Mas é capaz de causar um terremoto com os seus momentos de histeria repentinos. Já ele não é tão lindo assim, melhor dizendo, não é lindo e nunca foi, mas rouba a cena quando começa a contar piadas na roda de amigos e usa aquele perfume de arrancar suspiros em qualquer mulher.
Ela o ama do jeito que ele é. Ele também a ama do jeito que ela é. Ela quer cumplicidade, companheirismo, não prioriza a vaidade. 

Bonito para ela é quando ele a espera na porta do trabalho todos os dias para levá-la para casa, ou quando envia uma mensagem, dizendo que comprou pipoca para comerem juntos, assistindo ao seriado preferido dela em uma noite - nada fácil - de TPM. Isso basta. Ele a faz se sentir segura, ela o completa com o seu carinho. Ela não quer um homem com rostinho e corpo de modelo e só. O coração dela não é passarela.

Ela quer sentimentos que criem raízes, caules, folhas, flores e frutos. Ele a aceita com o combo "beleza+temperamento difícil", e de brinde ganha cafunés até pegar no sono. Ela prefere um cara engraçado ao lado, do que um cara bonito, um homem que converse sobre livros, filmes, economia e biscoitos, a um que só sirva para passear de mãos dadas (de preferência de boca calada).

Essa é a verdadeira beleza que muitos ainda não descobriram, por ingenuidade ou por tolice mesmo: ela não é imposta, padrão, unanime, mas interpretada e aceita das mais variadas formas.

A beleza que trará felicidade consigo é vista com o coração e não sentida com os olhos.

Crônica: Você mudou. ( Laís Happel)






- Oi - ele disse. - Posso entrar? 
- Oi - eu disse. - pode entrar. Só não repara a bagunça. 
- Tudo bem. - ele disse. - afirmando, não em tom de pergunta. 
- Não, não tá tudo bem. Senta no sofá que um dia foi nosso, preciso te contar uma coisa. - eu disse sem saber o que estava fazendo. 
Ele poderia fazer- me calar a boca, com um beijo daqueles que dávamos no passado, presente no ontem. Mas não, ele apenas acomodou-se. 
- Fale, Anna. - Ele disse, olhando-me com um olhar irritado. Não queria irrita -lo.
- Olha, Pedro. Alguma coisa aconteceu. Hoje pela manhã coloquei para tocar a nossa música e não chorei. Não senti vontade de arrancar meu coração pulsante e joga-lo pela janela. Não senti vontade de gritar ao mundo a dor que sentira. Na verdade, eu parecia tão indolor. Procurar seu nome na lista telefônica não apertou meu coração, foi até fácil. Teu sobrenome forte pulava da folha amarelada. Discar o número que foi difícil, foi uma mistura de ansiedade e medo. Eu não sei o que aconteceu.
- Olha, Anna. Já fazem dois anos. - ele começou. 
- EU SEI PEDRO! EU SEI! Você não precisa ficar me lembrando. Se tem uma coisa que eu sei é quanto tempo faz que você foi embora. 
E olha, eu nem marquei no calendário, apenas sei.
- Não fui embora, apenas terminamos...
- Você terminou, Pedro. Qual foi? Nunca me falou o que aconteceu. Não me amava? O sexo diário não era bom o suficiente para você? Nunca fui boa o bastante? não me apresentou aos amigos do futebol, por qual motivo? - indaguei
- Por que você era boa demais. 
- Ah, sem essa Pedro. Hoje enquanto escutava a nossa ex música, percebi o que você foi pra mim. Você foi o texto não escrito, lido em trocas de olhares. Aquele livro guardado a sete chaves, pra não pegar pó e mesmo com todo cuidado do mundo, fica com as folhas amareladas, trazendo uma beleza tao minuciosa. Você foi o sussurro em noites turbulentas. O riso seguido do choro. Foi a parte boa de amar e a parte ruim em esquecer. Você foi a cantada barata, seguida de um adoro o teu cheiro de farmácia. Foi a briga seguida de reconciliação. Foi o amor virando jogo. Foi o beijo de boa noite quando resolveu partir. E volto a dizer que não sei porque te chamei aqui. - digo, aliviada.
- Anna, você me chamou aqui, para dizer que me esqueceu. 
- Será, Pedro? Mas eu não queria esquecer. - digo
- Esse é o seu diferencial, você consegue as coisas quando não procuras. - ele diz, me tomando nos braços. 
- Você mudou o perfume, Pedro? - digo
- Sim, o outro me lembrava você. 
Ficamos em silêncio, abraçados e estamos assim até agora.

Crônica: Talvez (Laís Happel)

Hoje é sábado, talvez eu chore. Talvez a chuva que cai lá fora seja soma das lágrimas que caem aqui dentro. Talvez você venha e leve contigo o tempo nublado que insiste em pairar sob minha cabeça, tirando toda a beleza que, um dia eu tive. Não que dias cinzentos não tenham beleza. Eles têm. Mas eu prefiro os dias em que o sol é mais forte, radiando cores e perfumes.

É que em dias ensolarados, tenho a sensação que tudo acabara bem, assim, não me importaria se nada acontecesse agora. Mas é horrível passar um dia sem ter certeza de nada. Tudo é incerteza, tudo é talvez, tudo pode ser como pode não ser. Posso amar hoje e deixar de assim fazê-lo amanhã. Mas o que dizem por ai é que metade de mim é incerteza, e que sorrio quando te vejo. Talvez seja amor. Ou talvez medo da solidão.

Medo de ficar só. Tão sozinha que a própria respiração é canto e resposta para qualquer dialogo ensaiado por uma mente tão barulhenta que com o tempo, se cala. Se cala por ter resposta pra tudo. Se  cala querendo falar.  Se cala querendo gritar que tudo o que o coração deseja é amar. Amar. Sem preocupar-se com o amanhã. Amar como se não houvesse amanhã.



Crônica: Sabia. (Camila Andrade)

Eu sei tudo o que você fez pra que isso durasse. Eu sei quantas vezes você teve que respirar fundo e ser paciente só porque eu estava um furacão. Sei dos seus esforços, por isso entendi quando você cansou. Entendi quando pela primeira vez você gritou comigo e saiu batido pela porta, e eu sabia que depois daquilo as coisas mudariam. Então eu esperei. Esperei você se acalmar e deixei você ter seu espaço, mas eu sabia. E no outro dia, quando ouvi a porta, eu já sabia que era você, eu já estava pronta. Deixei você entrar e você estava com a mesma cara de quando seu time perde um jogo importante. Acabou, e eu sabia. Eu que nunca fui calma, estava calma naquele momento porque entendia seus esforços e o que você teve que aguentar por mim. No meio de tanta confusão comigo mesma, eu nunca me compreendi, então não esperava que você fizesse por mim. E por isso acabou, e disso eu sabia. Só não sabia que vazia eu ficaria.

Crônica: (T)exto (P)ara (M)ulheres (Nadhia Dantas)



Que monstro é esse que nasce dentro de mim todos os dias? Que me faz virar o Hulk só com o cumprimento do vizinho? "Bom dia, por quê? Aliás, se continuar me olhando, vou fazer você mudar de ideia rapidinho!"Eu não disse? Tudo dando errado. Eu esqueci de passar batom para ir ao trabalho. Meu Deus, e agora? Estou horrível! Nada dá certo nessa vida!
"Pára com isso, Nadhia. Você é linda de qualquer jeito". "Não, você está me falando isso, só para eu parar de chorar, mas não é verdade. SAI DAQUI, QUERO FICAR SOZINHA!" "Ah, já sei o motivo do drama, está na TPM" "Quem disse que estou fazendo drama? QUEM DISSE? Estou normal, só quero que me deixe em paz, e não falarei mais contigo se repetir o que acabou de dizer."
Que vontade de partí-lo em pedacinhos.

Crônica: Eu gosto de você. (Laís Happel)



Se não gosta de mim. Não me iluda. Não crie expectativas neste coração tão inocente para amar. Se me queres apenas como conhecida, fale. Mas não confunda meus pensamentos. Sabes que metade do meu coração é teu, e a outra metade está tentando criar coragem para não render-se a ti.

Se não és capaz de amar não me chame de amor. Não me chame de anjo, se não te passo a pureza de um amor de verdade. Não demonstre felicidade falsa em me ver. Eu conheço teus olhos, sei quando mentes. Se sou tua vida, como insiste em dizer, porque quer me tirar dela? Assim, como quem acorda pela manhã e decide não ir ao trabalho. 

Não julgue meu coração. Ele não tem culpa de gostar tanto de você. Nem de querer te ter por perto, mesmo te dando mil e alguns motivos para sair. Quando eu digo sai, quero dizer fique. Mas fique para amar meu coração, e não machucar como tens feito. Fique para que eu perceba que sabes mais sobre mim, e não apenas o meu nome. Fique e tire da minha cabeça - e do meu coração, a vontade maluca em gritar aos quatro cantos, o quanto gosto de ti, no quanto o som da sua voz acalenta a minha alma. Fique e prove que o mundo não respondera ao meu grito as seguintes palavras "ele não gosta de você". Fique e envolva teus braços aos meus, nos tornando apenas um num abraço apertado. 

Se me queres, chega mais. Deixe o orgulho pra trás. Já disse, se vier com medo vem que eu tiro. Não tem desculpa convincente quando meu coração só quer uma coisa: amar você. E olha, sou enjoada, mas não mudaria nada em você. Mentira. Mudaria. Mudaria essa tua indecisão entre chegar e partir. E te daria alguns neurônios novos, para que quando você acabasse de ler, soubesse que esse texto é pra você - não, não é indireta. E mesmo se assim o fizesse, você terminaria e diria mais uma vez, que estou apaixonada. E eu? Ah, eu controlaria mais uma vez a vontade de falar que a paixão sentida é por ti, e é uma pena, não ser correspondida.