Crônica: Eu (não) sei nadar. (Laís Happel)

Olha, eu sei com quantos paus se faz uma canoa, não precisa me contar. E se pararmos de remar, ela vai virar! Ih, a canoa vai virar! Eu não sei nadar, mas cheguei aqui, por você. É, te ouvir falar o quão bom é, sentir o enjoo repentino no lago, com o chacoalhar da canoa, motivou-me a sair da terra firme, e aventurar-me nessa imensidão de águas passageiras. Faz tempo que desejo pisar em solos desconhecidos, mas a insegurança chegava junto e me abraçava.

Não é por nada, mas ela tem um abraço apertado, difícil de soltar. Quente. Abraço que prende. Mas não prende tanto quanto meu corpo prende ao teu. Mesmo ele sendo magrelo, mas de um jeito lindo, um jeito tão seu. Ei, não pare de remar! Eu remo daqui, e você rema daí. Façamos um trato, remaremos até a exaustão chegar, então, você sorri, daquele jeito que me faz perder o ar, e começaremos novamente.

É como a dança: podemos ter um solo, mas tudo fica mais bonito quando duas pessoas dançam juntas. Num ritmo perfeito, parecendo que o mundo parou, menos o mundo dos dois dançarinos apaixonados, pela dança ou pela música. Ou por ambos.

Não espere que mergulhe. Não mesmo. Eu não sei nadar. E a questão não é apenas no mar ou no lago. Eu não sei nadar no amor, tenho tanto a mostrar que fico à deriva, ou, boiando. Ah, eu sei que deveria pelo menos molhar os pés, mas não dá, a não ser que me tragas uma boia. 

Ah, não espere que eu seja contida. Tenho emoções variadas que transbordam desse coração – um dia quebrado - e borbulham sobre mim. 

Eu vivo de insaciáveis quereres. Reciclo minhas coragens, revigorizo minhas energias. Você tem uma ideia melhor? Ah, vais mergulhar? Tudo bem, vou tentar. Coloco um dedinho na água. Respiro e pulo, mergulho. Inteira. Sinto a água lavar a alma, e descubro que sei nadar.

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