Behavior: A poesia de uma amizade à distância


Junte todas as flores. Diminutivos. Melações. Papeis de cartas. Canetas. Cadernos. Junte as bandas mais malucas. As trufas devoradas no banheiro. Os filmes de terror, os gritos. Adicione filmes dramáticos que te deixam com nariz de batata. Coloque uma pitada de brigas e mais papeis de cartas, mas dessa vez com pedidos de desculpas.
Poderia começar esse texto do jeito mais clichê do mundo, dizendo que estou com saudades. Poderia mas não vou.
Abri a caixinha das cartas e deixei a saudade respirar. Um suspiro longo percorreu e voltei para o Ensino Médio.
Engraçado. Vivemos o momento intensamente, e hoje, ao ler as cartas, percebi que poderíamos ter vivido muito mais.
A caneta que usávamos para escrever poderia parecer bonitinha, mas agora é horrível para ler - desculpe, minha miopia piorou com o passar dos anos. 
Momentos. Momentos esses que ao fechar os olhos são lembrados como se a lembrança fosse feita no ontem. Os trabalhos inventados para podermos comer doces na sua casa, e o perrengue que era subir quase dois quilômetros de subida para chegar até a minha casa.
Os erros de português perdoados, o inglês inventado. As flores coloridas em um cartaz para ser apresentado. As peças de teatro sendo roteirizadas por mim e encenada por todas. O mico em usar vestido curto e dublar Jingle Bell Rock, like Lindsay Lohan.
As mudanças repentinas de humor. Os shows compartilhados. O momento "restart". O dia em que usamos as calças coloridas e choramos. 
Colar com nossos nomes que depois virou chaveiro. O passar de ano letivo e a certeza de estarmos juntas no ano seguinte.
Mudanças de planos. Uma para cada lado. Cartas enviadas pelos avós e se fosse necessário, pelo correio. 
O telefone passou a ser nosso roteiro de fuga,e através dele, segredos partilhados. Confiança. Confiamos uma na outra. Passamos por dificuldades, brigamos, meses sem trocar uma palavra.
Namoros chegaram. Partiram. Corações foram machucados, palavras foram alimentos. E você sempre esteve ali.
Foi colo, proteção. Ouvido. Silêncio. Gargalhadas. Choro. Amiga. Irmã. Apaixonada por Jonas Brothers. Viciada em Legião. Inspiração para correr atras dos sonhos. Por diversas vezes foi mãe. Foi olhar de aprovação e silêncio quando eu cometia um erro imperdoável, que em questões de segundos era perdoável.
Foi cara de surpresa quando decidi te fazer uma surpresa em seu aniversário, lendo uma carta dizendo o quão importante sua amizade era. E ainda é. Foi maluca ao saber que estava doente, e ao invés de pedir como estava, perguntou se eu iria morrer. Foi engraçada quando deveria estar triste. E por várias vezes, viveu os meus problemas quando, dentro de você, passava um furacão. 
Mais uma vez, mudamos os planos e a distância que antes era pouca, agora é muita. A saudade que era muita, agora é gigante. Maior do que o teu nariz quando você chora. Maior do que meu amor por livros. 
Somos parecidas e ao mesmo tempo diferente. Temos o mesmo apelido. Somos Lali's. Somos consequência de um tempo que foi bom, e hoje, é saudade. Eita! Saudade.

Tenho orgulho em dizer que és minha melhor amiga. Tenho orgulho da mulher que você se tornou. Preste atenção dona Layane no poema abaixo, achei em uma carta sua. Amo você.

Pode ser que um dia deixamos de nos falar... Mas, enquanto houver amizade, faremos as pazes de novo. Pode ser que um dia o tempo passe... Mas se a amizade permanecer um do outro irá lembrar. Pode ser que um dia nos afastaremos, mas se formos amigas de verdade, a amizade nos reaproximará. Pode ser que um dia não mais existamos mas se ainda tiver amizade, nos seremos de novo, um para o outro. Pode ser que um dia tudo acabe, mas com amizade construiremos tudo novamente. Cada vez de forma diferente sendo único e inesquecível cada momento. Que juntas vivemos e nos lembraremos para sempre.

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