Crônica: Entre sentimento e razão, eu sou a indecisa- Nayane Dal-Ri


Sou completa indecisão. Minha razão conversa com meu sentimentalismo e eu fico aqui, como quem vê mas age às cegas. Meu atos são filosofia de madrugadas, são planos arquitetados, obras que só o destino assente, mas, que vivo muito antes de existir. Almejo mais sincronia entre desejo e destino o que, infelizmente, não depende só de mim. Quero uma vida déjà vu. Quero que minha mente viva e eu morra. Que meus bons sonhos de alma se façam e eu e toda minha bipolaridade de decisão assistamos de camarote. Talvez ela veja o mal que faz e se vá. Sentirei saudades, talvez.
Meu medo do porvir me torna ausente no hoje e viva no amanhã. E fico aqui, como quem não entende o todo. Queria poder rever tudo como um nada, como um ontem. Ouvir músicas sem lembrar alguém. Reler textos sem reviver momentos. Fazer novas amizades sem recordar desilusões. Queria ver e não enxergar o detrás dos pano. Contemplar o mundo como um todo, um passado de lições, um presente me brindando e um futuro à esperar às 6 em ponto. Porém, nada me faz ser tão mundo a ponto de não ser meu. Minha loucura tem um pouco de auto-compreensão, meu dom de ser perspicaz consigo mesma. Minha vida é repleta de desvios de rota, não de rumo. Não sei por onde, nem como vou, minha certeza é que chegarei.

Sou desejo ardente e dúvida postergada. Sou quem quer fazer no agora fitando o depois. Sou desejo que se adia mas se faz. O que me faz erro, me faz verdade, quem faz futuro sem reflexo de boas lembranças passadas? Quem vive um hoje sem um ontem? Minha insegurança não me pune, me faz fiel à um destino tão incerto quanto eu. 

Todo cego obriga-se a enfrentar seu medo de escuro. A vida obriga-nos a enfrentar nossos monstros, o meu é não escolher um deles.

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