Crônica: O passageiro amor. (Nadhia Dantas)





Estou deitada no chão frio do meu quarto, para tentar amenizar o calor do corpo que se faz, quando o meu olhar encontra com o teu. Desde aquele dia cinza de nuvens escuras, um arco-iris se fez dentro de mim. Como esquecer um rosto tão incomum e misterioso? Você ali, parado, com uma calça mostarda, cabelo bagunçado, barba por fazer e olhar distraído, como quem procura algo, mas que não sabe o que. Deixei você partir, em meio a circulação de pessoas que iam e vinham. Só me restou o perfume amadeirado no ar e um pequeno papel que caiu do teu bolso enquanto entrava no ônibus, que agora está comigo. Eu o abri na expectativa de ler "Vamos fugir?" mas só vi rabiscos, como quem testa a caneta antes de escrever algo. Rabiscos que valem uma obra de arte. Vou colocá-los em uma molduraEstou rindo sozinha e as pessoas me olham sem entender. Disfarço mexendo no fone de ouvido, para acreditarem que há um outro alguém na linha contando uma piada. 

É, estou apaixonada, perdidamente. Por seus olhos escuros, perdidos e cheios de segredos. Amanhã quando eu te encontrar, matarei aula, usarei duas das horas acumuladas que tenho para chegar mais tarde ao trabalho, só para ficar bem mais que 10 minutos esperando o ônibus ao teu lado. Quero desvendar os seus mistérios, ver além do que vejo, quero te conhecer completamente e convencê-lo de que esse sentimento não é passageiroPretendo seguir viagem contigo e, mesmo sem saber o destino, tenho certeza de que o ponto final será o paraíso.

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