Crônica: Eu vou amar. (Laís Happel)

Eu vou amar. Mas não te prometo que amarei hoje. Talvez amanhã, ou depois. Mas não peça amor agora. Eu nem sei com quem ele está, ou aonde se meteu. Também não estou procurando o amor. Se por acaso eu o encontrar, farei sim dele o habitante do meu coração- trancado a sete chaves.
Vou te contar um segredo de canto de ouvido, meio sussurrado, será um segredo nosso: tenho medo de amar. Medo de aventurar-me em um mundo tão conhecido e desconhecido por mim. E ele chega assim, de mansinho, e quando percebo, já tomou conta de tudo.
Medo de amar e não receber a reciprocidade em amar alguém. Que me desculpe o criador da frase, “O amor vem para os fracos”, mas ele estava enganado. O amor vem para aqueles que abrem as portas de seus corações trancafiados. Vem para aqueles que desejam criar raízes, enquanto eu quero criar asas.
É isso que quero ser do Mundo, enquanto o Mundo quer ser de alguém. Mas não culpo minha indecisão. Tenho receio de tudo que me assusta. Sonho alto. Falo baixo. Tenho uma quietude gritante, e grito sereno. Se me perguntares o que sou, não saberei o que dizer. Talvez eu seja a mensagem não lida, ou a visualizada e ignorada. O casaco esquecido no verão, ou o short no fundo do guarda roupa em dias frios. A borda da pizza, aquela que você descarta por não ser suculenta demais. O refrigerante sem gás. A bolacha murcha. A flor seca, usada como marca páginas em seus livros de colorir. Sou a chuva querendo ser sol, e o sol querendo tornar-se tempestade. Sou o desespero camuflado de quietes. Sou o amor camuflado de desapego. Mas é fantasiado mesmo. E se for pra deixar a máscara cair, que seja para trocar de fantasia. Talvez seja borboleta aprendendo a bater as asas. O cabelo liso ficando encaracolado. Sou o medo virando confiança. O abraço sendo dado com toda a ternura do mundo. O livro lido pela metade, a unha pintada de duas cores. A lente dos seus olhos míopes. O jeans desbotado da sua calça surrada. A caneta, escrevendo esse texto no guardanapo. Sou o amor ausente querendo estar presente. A saudade virando chamego. A distância sendo aconchego. Sou o medo virando coragem. A coragem abrindo as portas para o amor.

5 comentários:

  1. Pura verdade: o amor ao mesmo tempo que conhecemos, ele torna-se desconhecido a medida em que se aproxima.

    E o medo? Caraca, medo é algo curioso.
    Nos impulsiona a querer quebra-lo.
    Mas onde ele cria raízes, não tem como ser arrancado.

    Sinto dizer que medo, é mais coragem.
    É a ousadia camuflada de insegurança.
    A atitude camuflada de receio.

    Mas que se juntarmos tudo num potinho, teremos grandes conquistas.

    Amei o texto, já estava com saudades ❤❤❤❤❤

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  2. Pura verdade: o amor ao mesmo tempo que conhecemos, ele torna-se desconhecido a medida em que se aproxima.

    E o medo? Caraca, medo é algo curioso.
    Nos impulsiona a querer quebra-lo.
    Mas onde ele cria raízes, não tem como ser arrancado.

    Sinto dizer que medo, é mais coragem.
    É a ousadia camuflada de insegurança.
    A atitude camuflada de receio.

    Mas que se juntarmos tudo num potinho, teremos grandes conquistas.

    Amei o texto, já estava com saudades ❤❤❤❤❤

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  3. Que Demais. Escreveu algumas coisas que guardo no meu íntimo. Sou bem assim, as vezes quando acho que to dando certo com alguém, quando percebo já me fechei para o sentimento e quero ficar livre. Difícil, mas ao poucos to mudando. Sim, muitas vezes tenho medo de amar. Demais Lali, você é demais. <3

    "Sou o amor ausente querendo estar presente."

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