Behavior: Carrego meu anjo da guarda no pulso e no coração




Hoje eu acordei com saudade. Sabe quando você acorda e aquela dorzinha no peito surge? Engraçado que quando a saudade bate, eu olho pro meu pulso.
Sim, pulso. Ano passado, depois de varias tentativas, convenci meu pai a me deixar fazer uma tatuagem. 
Nossa Lali, vinte anos e ainda pede permissão, sim. Ainda peço permissão, mas isso não vem ao caso agora, quem sabe num próximo post?! (se vocês gostarem, claro).
Resolvi depois de dias escolhendo um desenho, uma asa de anjo, simples mas com um significado gigantesco. Irei contar minha história. É rapidinho, mesmo.

Sou gêmea. Minha mãe engravidou aos vinte anos, e para alegria da família descobriu que eramos duas. Laís e Luana. Minha mãe não teve uma gravidez tão saudável, algumas complicações e ao completar sete meses de gestação, Luana e eu viemos ao mundo.

Nasci com 1,500g e a Lu, com o dobro do meu peso, sem contar com o dobro do meu tamanho. Fomos intubadas, recebemos os procedimentos necessários. Apos sete dias, minha irmã faleceu, sopro no coração.
Eu não sei qual é o tamanho da dor em perder um filho, mas aqui entre nós, imagino a dor que a minha passou. Uma filha na UTI, sem previsão de alta e uma filha falecida. Sem deixar de mencionar que logo depois que sai do hospital, meus pais se separaram. 
Cresci com a ausência de minha irmã, e a cada "você sabia que ela era gêmea?" parte de mim se fechava. Ainda dói. Ainda vai doer. 

Quando era pequena, queria ter alguém da minha idade para brincar, alguém que me desse coragem para enfrentar os medos, que pudesse dividir comigo o café da manhã. Queria que minha mãe pudesse ter nos vestido igual, e que em cada aniversário, assoprássemos duas velas.  Queria não ter visto minha mãe chorar todos os anos sete dias apos meu aniversário. Parece besteira, mas é uma saudade que invade do nada, saudade de um tempo que não tive. Tenho saudade dos momentos que fantasiei ao lado da minha irmã.

Quando eu decidi fazer uma tatuagem, sabia que seria algo que me fizesse olhar e lembrar dela. Uma asa de anjo, representando o quão frágil podemos ser, e no que ela significa para mim, um anjo.

Hoje, com todos os acontecimentos em minha volta, sinto ainda mais falta. Queria que ela estivesse aqui, e que a cada conquista um abraço seria dado, a cada ato de amor, uma briga e depois as desculpas. No quão divertido seria conquistar os rapazes ao lado dela.

A tatuagem é em homenagem a minha irmã, que mesmo ausente se faz presente toda vez que me olho no espelho. Que mesmo tendo partido tão nova, se faz presente aqui dentro. Carrego meu anjo na guarda no pulso e no meu coração. E irei carregar para sempre. 

Egoismo se eu falar que queria ter vivido pelo menos alguns anos ao lado dela, e ter lembranças de verdade. De ouvir minha mãe gritar os nossos nomes quando estava brava, e não apenas o meu. De poder dizer que a amava frente a frente, e não baixinho no travesseiro antes de dormir. Mas Deus sabe o que faz, e em momentos como este, quando a saudade aperta, Ele me conforta.

Eu amo você, anjo da guarda.



7 comentários:

  1. Estou com o coração pequenininho imaginando tua dor, emocionada com suas palavras, Lali.
    Sua irmã é um anjo que sorri todos os dias e sussurra à você: "Também te amo".
    Ah, e eu, Cah, amo você.
    Muito obrigada por me encantar cada dia mais com teus textos maravilhosos. ❤

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  2. Chorei? Chorei. No trabalho? No trabalho. Lindo Lali, desde que vi um tweet seu sobre o significado da tatuagem eu já imaginava o tamanho do seu amor por ela, e pode ter certeza já que ela veio o dobro e você, cabe nela todo seu amor.

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